Terça-feira, 12 de Julho de 2011

Senhor,

 

Preciso de Te falar... Tenho o peito a ferver, a cabeça a explodir e não consigo parar de sentir... Tenho tantas perguntas e no fundo sei que não obterei a resposta, não para já...

Sempre fui adepta da mudança, mas saber que depois de tomados certos caminhos há coisas que nunca voltam a ser o que eram fico indecisa... e sinto-me culpada. Culpada por não ter conseguido fazer mais, por não ter conseguido ser diferente, por não ter pensado no que viria a seguir, culpada por tudo o que acontece no meu mundo. Se a culpa matasse não teria passado dos 10 anos, forcei-me a crescer depressa demais para aguentar o que me atormentava. Porque os adultos são fortes, nunca parecem sofrer tanto. Agora que sou crescida, quero a minha inocência de volta, nem que seja só por umas horas.

Sinto tudo ao mesmo tempo, a impotência por não poder fazer mais, impotência por não poder ser mais do que sou, por não conseguir fazer mais do que meros gestos, suspensos no ar, que se perdem na imensidão do Universo que é implacável. Poderia descarregar em Ti toda a minha raiva, do porquê me estares a tirar aos poucos mais 1 pessoa que significa tanto para mim, por me estares a sufocar com tantos problemas que não são meus e dos quais fico encarregue, por me deixares sofrer em silêncio quando quero gritar aos quatros cantos que não estou nada bem e que já todos deviam ter reparado. Poderia... mas no fundo sou eu que me sufoco, sou eu que me atormento, sou eu que não aceito que a lei da sobrevivência do mais apto existe em todos os ecossistemas. Sou eu que me afundo em ilusões de que amanhã vai ser melhor sem sequer tentar... e sinto-me tão pequena na imensidão de tudo o que se passa à minha volta que me sinto indigna de Te pedir o que quer que seja para mim. Nos dias de maior desepero peço, quase que Te exijo. Não o faço por mal, e cabe-me a mim pedir ajuda, essa escolha é minha. Mas se eu pedir ajuda vou assumir que tenho fraquezas, e não posso fraquejar.

 E como gostaria de fazer off quando o mundo desaba a meus pés, e eu sempre intacta sem qualquer abrasão. Mas o mundo desaba e por dentro, eu desabo também... apanho os cacos à minha volta mas os meus "cacos" ficam lá... e vão amontoando num monte de entulho sem fim. Entulho por nunca ter aceitado o abandono de quem nós sabemos, por nunca ter conseguido lidar com a morte do meu mais parecido p.., por não conseguir aceitar que me fizeram mal, mas a culpa de o terem feito não é minha, por não conseguir perceber que faço tudo o que posso e mesmo não sendo o suficiente é tudo o que tenho, por não perceber que apesar de não parecer há pessoas que se preocupam comigo e que estão à distância de um clique, por não perceber que se eu pedir ajuda ela virá e se eu me abrir sentir-me-ei mais leve. 

E no fim de tudo isto olho para dentro de mim e vejo... um enorme vazio, a imensidão de um buraco negro infinito...apenas vazio... por isso preciso de Te dizer...preciso de Te falar, porque de resto estou silenciosa por fora... está tudo bem além de um pequeno grande cansaço. Por dentro estou em guerra, sem que saiba contra o que luto ou do que me defendo...

 

 

e no fim do dia, depois de todas as lágrimas derramadas por tudo o que me atormenta, continua o vazio... e é com ele que me deito, com ele que me levanto e com ele que me deparo quando olho fundo na minha alma... se é que ela existe dentro de mim...

Hoje precisei de Ti, por isso Te estou a falar do fundo do meu ser... vazio... que não sei o que esperas de mim, mas hoje embala-me apenas e dá descanso àqueles que sofrem... Por mim e por todos... 

 

Amanhã é um novo dia, e uma nova oração. . .

Obrigada Senhor

 

Glória ao Pai. . .

publicado por 994marie1904 às 00:14


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